Na manhã deste domingo (27), o ex-presidente Evo Morales, líder da oposição na Bolívia, compartilhou um vídeo nas redes sociais alegando uma suposta tentativa de prisão e ataque a tiros.
O carro do ex-presidente Boliviano foi alvejado em meio a crescentes tensões políticas no país. Nas imagens, Morales é filmado ao lado do motorista.
No telefone, o ex-presidente da Bolívia afirma: “Estão atirando em nós, estão nos detendo, rapidamente, mobilizem-se”.
No vídeo é possível ver marcar de tiros no carro, além do motorista ferido com sangue na cabeça e também no peito. Segundo a Rádio Kawsachun Coca, foram disparados 14 tiros contra o veículo de Morales.
Em uma entrevista de rádio após o incidente, Morales disse que dois veículos o interceptaram na estrada e atiraram em seu carro, alegando que uma bala passou a “centímetros” de sua cabeça. “Não sei se eram soldados ou policiais”, disse Morales.
O vice-ministro da Segurança, Roberto Rios, disse aos jornalistas que a polícia não realizou nenhuma operação contra o ex-presidente.
“Como autoridades responsáveis pela segurança do Estado, somos obrigados a investigar qualquer relato, seja ele verdadeiro ou falso”, disse Rios.
Agricultores seguidores do ex-presidente Evo Morales seguem bloqueando de estradas da Bolívia para evitar a provável prisão de Morales, investigado pelo suposto abuso de uma menor durante seu mandato em 2015.
O atual presidente Luís Arce segue tentando impedir os bloqueios. O suposto ataque corre o risco de gerar mais agitação, já que os bolivianos já enfrentam uma crise econômica.
Entenda o conflito
No sábado (26), o ex-presidente da Bolívia afirmou que os bloqueios promovidos por seus simpatizantes em diversas vias do país vão continuar. Já são quase duas semanas de mobilizações, com enfrentamentos entre policiais e camponeses que deixaram mais de dez feridos.
“O povo são e honesto não se vende, nem se rende. A luta [bloqueios e protestos] vai continuar, o povo não se rende”, disse Morales à rádio Kawsachun Coca.
“Lucho [o presidente Luís Arce] deve respeitar o povo e resolver os problemas econômicos que o povo boliviano tanto está sofrendo neste momento”, indicou o ex-presidente, que governou a Bolívia entre 2006 e 2019.
Os enfrentamentos entre policiais e camponeses pró- Morales durante a tentativa de desbloqueio de vias deixaram 14 agentes feridos e 44 civis detidos.
Os choques mais violentos ocorreram em Parotani, um setor no meio da rota que liga Cochabamba a La Paz, a sede de governo.
O presidente Arce destacou o trabalho da polícia para liberar “pelo menos 12 pontos” de bloqueio e garantiu, em referência a Morales, que “não permitirá que o interesse de uma pessoa se sobreponha ao bem-estar coletivo”.
“Nosso governo continuará executando ações para defender a segurança de todos os bolivianos, restabelecer o direito constitucional ao trânsito livre”, afirmou Arce na rede social X.
O governo mobilizou mais de 1.700 efetivos policiais e 113 veículos para desbloquear as vias.
Segundo um relatório da Administradora Boliviana de Rodovias (ABC, na sigla em espanhol), há 16 pontos de bloqueio no país, a maioria concentrados no departamento de Cochabamba, reduto de Morales.
As interdições nas estradas acentuaram a escassez de combustível e geraram longas filas de veículos nos postos de gasolina das cidades. Além disso, os preços dos produtos básicos dispararam nos mercados.
O atual presidente criticou Morales por “desestabilizar” o país com duas semanas de bloqueios de estradas. Ele o acusou de tentar “interromper a ordem democrática”.
Em um comunicado, o governo também disse que alguns grupos aliados a Morales estavam armados e alertou sobre a violência, citando 14 policiais feridos tentando romper os bloqueios.
Os bloqueios de vias começaram em 14 de outubro por parte de camponeses que reivindicam o “fim da perseguição judicial” contra Morales, investigado pelos crimes de “estupro e tráfico de pessoas”.
O ex-presidente boliviano também enfrenta alegações de que teve relacionamentos com menores, mas nega veementemente todas as acusações (entenda o caso).
Morales, que é o primeiro indígena a governar a Bolívia, foi formalmente intimado por promotores regionais para testemunhar no caso, mas não compareceu, e agora enfrenta um mandado de prisão.
Opositor do governo de seu ex-ministro da Economia, Luís Arce, o ex-presidente chama o caso de “mais uma mentira” que foi investigada e arquivada pelo sistema judiciário em 2020.
Morales e Arce fazem parte do mesmo partido político socialista, mas têm entrado em conflito cada vez mais no último ano, como parte de uma disputa pelo poder antes das eleições de 2025.
O país também está lidando com a diminuição da produção de gás, o esgotamento das reservas cambiais e o aumento da inflação, o que está aumentando a pressão sobre o partido no poder e levando a disputas políticas internas cada vez mais confusas.
Da Redação Na Rua News com
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