Posicionando-se publicamente pela primeira vez sobre a contestada vitória de Nicolás Maduro nas presidenciais venezuelanas de domingo, cujos resultados estão a ser questionados pela comunidade internacional, o presidente do Brasil, Lula da Silva, chocou até aliados ao dizer que o processo eleitoral no país vizinho transcorreu dentro da normalidade e que está tudo tranquilo na Venezuela, mesmo com a polícia a usar de extrema violência contra protestos populares. Para Lula, a imprensa brasileira é quem está a insuflar os protestos da oposição na Venezuela, que, segundo ele, se tem provas de uma suposta fraude eleitoral que as apresente à justiça do país e depois acate a decisão.
“Não tem nada de grave na Venezuela, nada de assustador. Vejo a imprensa brasileira a tratar o assunto como se fosse a terceira guerra mundial. O tribunal eleitoral da Venezuela já reconheceu o Maduro como vitorioso, a oposição é que não. Vejo como um processo normal, tranquilo”, declarou Lula da Silva em entrevista à emissora de televisão Rede Matogrossense, do estado de Mato Grosso, que o presidente visita esta quarta-feira.
Até à noite desta terça-feira, pelo menos 11 manifestantes já tinham sido mortos pela brutal repressão policial aos protestos populares convocados pela oposição ao governo de Nicolás Maduro contestando a reeleição deste e denunciando uma suposta fraude nos resultados. A oposição diz ter tido acesso a 84% das atas eleitorais de todas as secções de voto da Venezuela e que, pelos resultados nelas contidos, e que não foram divulgados pelo governo, o candidato oposicionista Edmundo González Urrútia venceu com 70% dos votos.
A posição de Lula da Silva contrasta flagrantemente com a da maioria dos governantes da América do Sul, incluindo os de esquerda, que contestam a reeleição de Maduro e denunciam que o executivo de Caracas, que controla a justiça eleitoral, a justiça comum e a imprensa, fabricou os resultados. Lula, no entanto, continua fiel ao aliado e amigo pessoal de décadas e parece disposto a enfrentar o mundo inteiro para defender Nicolás Maduro, como fez no início do ano passado, ao dar um tratamento diferenciado ao ditador da Venezuela durante uma cimeira latino-americana em Brasília, suscitando na época protestos de diversos chefes de Estado e de governo da região.
Da Redação Na Rua News
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